quarta-feira, 31 de março de 2010

Texto publicado no jornal Tribuna de Minas em 31/03/10, coluna Eu Fui.

O quarteto formado por Amanda Martins, Bia Nascimento, Fabricia Valle e Juliana Stanzani deixou mais uma vez seus seguidores, curiosos e novos adeptos de poros abertos e alma agradecida na última quinta-feira no evento Quitanda Cultural, organizado e coordenado por Cibele Lopes no Cultural Bar. A somatória dessas quatro artistas juizforanas e de seus ideais musicais, percepções harmônicas e melódicas e o pensamento sobre a respeitada sonoridade mineira, deu início, em 2007, à Banda Matilda.

As quatro flores, alimentadas pelas águas da percussão, voz, violão, flauta e tantas outras possibilidades, não economizaram em pesquisa, estudo e musicalização das tradições da musicalidade mineira da Zona da Mata que as abriga, bem como de compositores também juizforanos, como Dudu Costa e Lucas Soares. Elas seguem o nosso horizonte montanhoso, indo além para tantas outras influências, como Milton Nascimento e Cris Aflalo, sem se esquecer das heranças do congado, do maracatu, do congo e por aí vai.

Nesse show, foi arrepiante ouvir novamente a canção “Antes do acaso”, momento em que seus seguidores esperavam ansiosos depois de quase um ano sem ouvir a música pela qual fui apresentada à banda no Corredor Cultural em 2009. No palco do Cultural, pude mais uma vez apreciar o Relicário Matilda que se estrutura em uma criatividade quase asfixiante de suas componentes. É perceptível a doação de cada uma delas aos arranjos e letras ressaltando as especificidades de sua relação com a nossa terra, retificando em cada aparição sua competência, encantamento e deixando claro a que vieram.

No mais, está a dedicação a canções autorais, a meu ver, como forma de dizer a sua verdade musical enquanto grupo fazedor de MPB - Música Popular Boa. A banda Matilda foi responsável pelo encerramento da noite, que teve como ponto de partida a Banda Primata e a já conhecida Lúdica Música completando com responsável maestria o mosaico sonoro da Quitanda para lá de cultural. Quem pensa que o Cultural estava vazio às 3h, quando Matilda entrou no palco, está mais que enganado. Quem conhece não iria perder e quem não conhecia ficou para entender a insistência dos amigos no convite para ouvir músicas como “Patuá” (que dará nome ao CD da banda), “Dona Elzira”, “Margarida” e outras.

Gabriele Generoso, bailarina

segunda-feira, 29 de março de 2010

Quanto vale? É por quilo? Medida?... Será que vale?

Amigos? Sólidos em meu coração. As palavras escritas no tempo... possível apagá-las? Amigos. A distância não afasta, a maldade tão pouco destrói. Como pode haver maldade? Como pode destruir? Sólidos...sólidos...sólidos... em minha memória fragil e solitária do sentimento daquele amigo.

sexta-feira, 26 de março de 2010

Sobre Vivente

Um dia eu quis viver como nunca, coisas que de mim não faziam parte. Isto chamo de sonho, ai de quem não sonha. Sonhos e ilusões se misturam muitas vezes no desejo de querer ser, porém limites destinados pela razão, quase sempre amputam as vontades mais sinceras. Racionalizar para quê? Trinta e um anos pesam, como o peso da mochila cheia de livros que carregava nos poucos anos de minha vida. A mochila, lá longe, pesava a inquietação de querer ter longos anos e viver o que avistava na vida de todas Grandes pessoas à minha volta. Num susto entrei na maquina do tempo e trinta e um anos me pesam. As costas doem...os pés se cançam...Mas quanto chão não foi pisotiado com cautela e carinho na fé da estrada possível para a felicidade e suas restrições responsáveis pela graça do dia-a-dia. Lágrimas mais pelos outros que por mim, esquentaram minha face porém, isso não me doi, não pesa, pois foram lágrimas choradas na esperança de meu ombro ser o alivio necessário em vários momentos àqueles que amei e amo. Trinta e um anos me pesam o estômago, feito a sensação do almoço de domingo na casa da avó que ha tempos não sentia o gosto e como tal, da um sono gostoso... e lembrança... a comida da amizade pesa um peso gostoso que sutenta, mas avisa que pode causar indigestão se os olhos forem maior que a vontade de ser e ter amigos. Ai cheiro de vó. Cheiro...cheiro... sempre me guiei por eles, sinto saudade cheirando no ar o amigo distante, sinto falta das viagens visualizando no cheiro as paisagens únicas que vislumbrei. Trinta e um anos pesam e como pesam! Que bom que agora pesam e arregalam meus olhos para a dieta da conduta correta, da moral estudada, dos exemplos gaugados, do desejo de SER HUMANO e de se perceber HUMANO, de ser percebido HUMANO. Trinta e um anos pesam, ao ponto de perder o equilibrio, pois os membros não sustetam o julgamento alheio guiado pela incapacidade de reconhecer-se também HUMANO. Trinta e um anos e agora pesam a somatória do desejo de atenção e compreensão. Trinta e um anos querendo ser e sendo, vivendo apesar de ilusório. Pesam agora os meses, cada dia mascaras novas caem, mascaras de mim que conhecia porém, não me reconheço nelas. Trinta e um anos pesam, um peso prazeiroso da compreensão de que SOU HUMANA.

Eu Palco Eu Palco Eu Palco...

Eu Palco Eu Palco Eu Palco...
Espetáculo "Mulheres" 2002 - (plano alto: Carina Pereira, Talitha Mesquita, Gabriele Generoso, Patricia Chavarelli, Gabriela Santana, Thalita Reis / plano baixo: Janahina Araújo, Katia Moreira, Fabiana Lentini)

Continuas a me abençoar nos devaneios da madrugada. És cumplice.Suas crateras auditivas agradeço.

Continuas a me abençoar nos devaneios da madrugada. És cumplice.Suas crateras auditivas agradeço.